"Seria muito fácil dizer que perdemos com um gol aos 47 do segundo tempo..." Foi com essa frase que o treinador do Santa Cruz, Marcelo Martelotte iniciou sua entrevista coletiva depois do vexame do Santa diante do Fortaleza em pleno estádio do Arruda na presença de mais de 30 mil torcedores.
Já que seria muito fácil, então vou pelo lado mais difícil e preocupante da coisa. O Santa Cruz foi um time apático, sem criatividade e frouxo em campo. Em resumo, o time foi a cara do seu treinador. Quando diziam que Zé Teodoro era retranqueiro, era porque ninguém ainda conhecia o trabalho de Marcelo Martelotte.
Pra começar, não entendo porque o lateral esquerdo Patrick não foi para o jogo. O jogador estava em testes no Arruda e foi aprovado pelo mesmo Marcelo que o vetou para ontem. Ou seja, falta coerência. Se ele não tem qualidade para participar de um jogo decisivo, porque foi aprovado?
Sem lateral esquerdo nenhum a disposição, (leia-se: sem querer jogar com um lateral esquerdo da posição) o time foi escalado com três zagueiros e três volantes. No papel, pensei que ele usaria Everton Sena na lateral esquerda, adiantaria Luciano Sorriso para ajudar a Natan na armação e formaria a dupla de volantes com Anderson Pedra e Sandro Manoel, mas não foi isso que aconteceu.
Na verdade, Everton Sena atuou realmente como terceiro zagueiro e para minha surpresa, Sandro Manoel foi escalado como ala esquerdo. Em resumo, o lado esquerdo do time ficou nulo. Sem força para apoiar, Sandro Manoel não descia e nem marcava, já que o lateral direito do Fortaleza não ia também ao ataque.
Em tese, o Santa jogou com duas linhas de três defensores, Marquinhos preso na defesa, porque Marinho Donizete foi agudo o jogo inteiro, já que Rafael Lomas quase não participou do jogo ofensivamente e o Santa viveu de um lampejo ou outro de habilidade de Denis Marques, como no primeiro gol e de Natan, como num chute no primeiro tempo que o goleiro joão Carlos defendeu.
O Fortaleza voltou para o segundo tempo, em cima do Santa Cruz, pressionou os 47 minutos da etapa final, o Santa não fez por merecer a classificação. Principalmente por conta das substituições não acrescentaram nenhuma qualidade ao time, pelo contrário, saíram os três melhores jogadores em campo, Denis Marques, Luciano Sorriso e Natan.
Das modificações realizadas, todas foram justificadas pelo treinador Marcelo Martelotte como mudanças pelas condições físicas dos atletas. Tudo bem, mas na minha cabeça, não entra de jeito nenhum, um time que joga em casa, com o apoio maciço do seu torcedor, entrar retrancado e as substituições serem mais defensivas ainda. Para se ter uma ideia, o Santa terminou o jogo com 4 zagueiros, um absurdo!
Na minha humilde opinião, ao tirar Luciano Sorriso de campo, Martelotte deveria ter colocado Jefferson Maranhão no jogo. Sandro Manoel passaria a formar dupla com Anderson Pedra na cabeça da área e seria aproveitada a velocidade de Maranhão para puxar os contra-ataques junto com Natan que estava isolado no meio e bem marcado.
Ao colocar Léo e depois com a saída de Denis Marques, o Fortaleza sentiu o quão recuado o Santa Cruz estava, tirou os zagueiros e mandou o time pra frente, já que a referência no ataque do Santa Cruz não existia mais. Não tinha perigo do contra-ataque, porque o jogador que sobrava, sempre era Sandro Manoel que falta qualidade ofensiva sempre esperada a chegada de Natan e parava toda a jogada de contra-ataque, dando tempo da defensiva cearense se organizar.
Outro detalhe foi a insistência do treinador com Paulo César. O jogador foi uma peça nula em campo. Pesado e sem recursos técnicos que justificassem sua presença no jogo, o atacante foi presa fácil para a defesa cearense e foi menos um no time. Mesmo assim, jogou todo o jogo sem ser substituído.
Faltou coragem e ousadia ao técnico tricolor. Faltou vontade de vencer o jogo e principalmente, uma melhor leitura do que estava acontecendo em campo. Marcelo Martelotte mostrou claramente sua deficiência técnica, foi mais uma vez incompetente nas substituições e ontem ficou mais do que claro que ele não é técnico para uma equipe da grandeza do Santa Cruz. Com isso, o inevitável aconteceu. O Santa tomou a virada, perdeu a classificação e acumulou mais um vexame na história recente do clube.